terça-feira, 17 de abril de 2012

Santos, orgulho brasileiro há 100 anos - Parte 2


Amigos do Diga, conforme eu disse no post anterior, a segunda parte do especial sobre o centenário do Santos é um relato um pouco mais pessoal desse humilde blogueiro. Para quem não acompanhou ainda o post anterior, paramos no ano de 1984 com o título paulista de Serginho Chulapa e cia.

Bom, eu nasci em 1985 então infelizmente não vi esse título. É claro que escolhi torcer para o Santos por influência paterna. Ficava maravilhado com as histórias contadas pelo meu pai sobre o time imbatível do Santos. Meus olhos brilhavam com os vídeos das jogadas do Rei Pelé, gols e mais gols, dribles impensáveis e adversários humilhados. Mas quando eu voltava para realidade, ela era dura demais. O Santos já não era mais encantador. Os craques tinham ido embora e me restava torcer por jogadores de vontade, mas técnica questionável como Guga, Almir, Axel e cia. Enquanto isso meus amigos torciam para o São Paulo de Raí, ou o Palmeiras de Rivaldo ou ainda o Corinthians de Neto. Foram tempos difíceis, muitos tentaram me convencer a mudar de time, mas eu não arredei o pé na certeza de que um dia aquela camisa branca voltaria a assustar os adversários e disputar títulos ao invés de se contentar com o meio da tabela.

Testemunhas de Giovanni
A primeira vez que senti o gosto de torcer por um time encantador em campo foi no Brasileiro de 95. O maestro Giovanni comandava um time de bons jogadores na frente(com Jameli, Marcelo Passos, Macedo, Robert) e jogadores extremamente dedicados se superando atrás(Carlinhos, Galo, Ronaldo). Esse time me proporcionou a partida mais emocionante da minha vida, naquela fatídica semifinal contra o Fluminense. O Santos havia perdido de 4x1 no jogo de ida e precisava vencer por 3 gols pra se classificar. E Giovanni só não fez chover naquele dia. No primeiro tempo ele marcou dois gols(o segundo um golaço depois de um drible seco no zagueiro).
 No intervalo uma cena épica, quando os jogadores do Santos optaram por não descer para os vestiários e ficaram reunidos no centro do campo, ouvindo todo o apoio da torcida que lotava o Pacaembu.

No segundo tempo, Giovanni apareceu de novo para dar o passe para Macedo marcar o terceiro gol que dava a classificação para o Santos. Mas 2 minutos depois o Flu também marca. Mais 10 minutos e Giovanni dá mais um passe, dessa vez para Camanducaia marcar e deixar o Santos classificado de novo. E o Fluminense pressionava em busca do gol da classificação, até que o maestro Gio resolve concluir sua obra prima com um toque genial de calcanhar, tirando 3 marcadores e deixando Marcelo Passos livre para arrematar de fora da área: Santos 5x1 e até o narrador do rádio enlouquecia berrando: PARA O SANTOS NADA É IMPOSSÍVEL!!!Frase que ficou marcada para sempre na minha cabeça. Depois o Fluminense ainda marcou mais um, mas a vaga ficou com o Santos e eu definitivamente sentia o coração alvinegro pulsando.

Depois desse jogo, assisti à uma das derrotas mais doloridas da minha vida(a outra foi aquele gol do Ricardinho nos acréscimos da semifinal do Paulista de 2000), quando o juiz Márcio Resende de Freitas simplesmente deu um impedimento por conta própria(o bandeirinha não assinalou impedimento), anulando o gol de Camanducaia que daria o título de 95 para o Santos. O Botafogo foi campeão.

Depois de 95, tivemos mais uma porção de times ruins, com jogadores que me dão arrepio só de lembrar: Claudiomiro, Preto, Galván, Odvan, Paulo Rink, Argel. Ainda faturamos um Rio-São Paulo em 97 com Luxa e uma Conmebol em 99 com o Leão. Mas alma só foi lavada de vez em 2002.

Fim do Jejum
Apostando num time de garotos e na capacidade do técnico Leão, o Santos penou na fase de classificação e só entrou para o mata-mata graças à uma improvável vitória do rebaixado Gama sobre o Coritiba na última rodada.
Mas aí brilhou a estrela da dupla Diego e Robinho e o Santos atropelou na sequência o São Paulo, time de melhor campanha, e o copeiro Grêmio para chegar à final do Brasileirão contra o Corinthians.
No primeiro jogo, 2x0 para o Santos e uma boa vantagem para a partida decisiva.
O segundo jogo eu me lembro que foi bem no dia do vestibular da Unesp. Eu, então com 17 anos, fui fazer a prova desesperado para não perder o jogo. Fiz a prova correndo(graças a Deus depois ainda passei) e liguei pro meu pai me buscar pra assistir o jogo. Infelizmente eu ainda esperava meu pai quando Robinho deu as pedaladas pra cima do Rogério e sofreu o pênalti. Acompanhei todo o lance pelo rádio de um corintiano, que esperava o filho terminar a prova também, e nem pude comemorar muito.
Cheguei em casa para assistir o resto do jogo. O corinthians precisava de 3 gols para tirar o título do Santos. Parecia tudo tranquilo até que aos 30 do segundo tempo Deivid empata e aos 40 Anderson vira o jogo. Bateu um desespero danado e o jogo de 2000(aquele do gol do Ricardinho citado acima) não saía da minha cabeça.
Foi então que tive a minha maior explosão de alegria com o futebol: Robinho driblou o zagueiro e cruzou para Elano empatar a partida. Eu chorava e gritava agarrado à TV: ELANO EU TE AMO!!!EU TE AMO!!!
Não tinha mais como o título não ser nosso. Leo ainda marcou o terceiro para definir o título com vitória.

Eu finalmente me sentia livre como toda a nação santista. O jejum de títulos tinha acabado e a história vencedora do Santos renascia.

Carlos "Mickey" Constancio

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